O elevado número de utentes sem médico de família, as instalações precárias do centro de saúde de Corroios, o atraso na construção do novo centro de saúde, o encerramento do SAP e ainda as elevadas taxas moderadoras são algumas das dificuldades sentidas pela população na freguesia e focadas durante o Fórum Seixal, que decorreu no dia 17 de outubro, no Auditório José Queluz.
O debate contou com a presença de Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal, Corália Loureiro, vereadora do pelouro dos Recursos Humanos, Modernização Administrativa e desenvolvimento Social, Américo Costa, da Assembleia Municipal do Seixal, José Sales Luís, em representação das Comissões de Utentes de Saúde do Concelho do Seixal, e eleitos da câmara municipal, Juntas e assembleias de freguesia. Joaquim Santos afirmou que «estamos pior do que há 10 anos. O encerramento dos SAP de Corroios e Seixal em 2007, a redução do horário do SAP de Amora e o atraso na construção de novos centros de saúde e do hospital representaram um retrocesso significativo no acesso aos cuidados de saúde».
Destacou que em Corroios «é essencial a construção de um novo centro de saúde para resolver o grave problema de falta de condições do atual. O Estado compromete-se, assinando protocolos, mas depois não concretiza os compromissos e ainda por cima não dialoga connosco. Apesar dos insistentes pedidos de reunião, não há qualquer tipo de resposta por parte do Ministério da Saúde».
Américo Costa reafirmou «a importância de continuarmos a participar e a lutar por este objetivo. O Governo interrompeu o diálogo, mas nós continuamos a trabalhar para podermos levar a vontade da população até às entidades competentes».
Corália Loureiro recordou alguns momentos marcantes na luta pelo hospital e destacou a falta de médicos e a dificuldade no acesso aos cuidados de saúde: «ao fim de semana, não há um serviço público que preste cuidados de saúde. Isto é incompreensível num concelho com 160 mil habitantes!».
José Sales Luís destacou o facto de se comemorarem este ano «os 35 anos do SNS, que neste últimos anos tem sofrido ataques terríveis.
O objetivo é privatizar, mas a população tem de estar unida na defesa de um serviço público de qualidade.
Já ouvimos altos responsáveis do Governo dizer que o Seixal não precisa de um hospital porque tem uma ambulância do INEM 24 horas por dia! Não podemos aceitar isto.»
Na sessão foram apresentadas as valências do Hospital no Seixal e a população reforçou as dificuldades sentidas. Foi praticamente unânime entre os presentes o reconhecimento da crescente tendência para privatizar os serviços públicos, paralelamente à distribuição de cada vez mais competências às autarquias, sem o correspondente financiamento. «Há um movimento de pressão sobre as autarquias que nos impõe constrangimentos que só prejudicam as populações. Há serviços que têm de ser nacionais, iguais para todos e prestados pelo Estado», referiu Joaquim Santos.
A deputada do PCP Paula Santos, presente no Fórum, alertou que o Orçamento do Estado para 2015 «apresenta uma verba para o SNS inferior a 2011 e indica uma continuidade na chamada racionalização” dos serviços. É um orçamento preocupante».
Foram ainda referidas as dificuldades de transporte. Neste contexto, o presidente da Junta de Freguesia de Corroios, Eduardo Rosa, afirmou «a necessidade de reorganização dos transportes», e Joaquim Santos alertou para a privatização da rede de transportes públicos «que está em curso».