Bonga é um ícone vivo da cultura Angolana, referência incontornável do semba, música de onde partiu como compositor e vocalista para edificar um património cultural e político fundamental na história dos últimos 40 anos de Angola e da diáspora africana lusófona. Nascido em 1943 em Porto de Kipiri, aos 23 tornou-se uma sensação do atletismo em Portugal ao serviço do Benfica.
A partir de 1972 concentra-se unicamente na música, quando é descoberto o papel activo que desempenhava no trânsito de comunicações da resistência anti-fascista angolana e portuguesa, dado que podia viajar livremente devido ao seu estatuto de estrela desportivo. No exílio forçado em Roterdão, grava o seminal Angola 72, com canções em língua quimbundo embargadas de nostalgia da sua terra e verve de denúncia firme, sob o signo do cancioneiro popular angolano e perfume da música caboverdiana.
Nos anos 80 decide reinventar-se, com a formação da banda Semba Masters, reunindo instrumentistas escolhidos a dedo para resistir contra a então tendência progressiva de desaparecimento da matriz tradicional do semba, tendo viajado e pisado palcos icónicos pelo mundo fora. Em Portugal, onde escolhe também passar a residir por alturas do disco Reflexão, é o primeiro artista africano a atuar a solo dois dias consecutivos no Coliseu dos Recreios, e o primeiro a arrecadar Discos de Ouro e de Platina pelo sucesso de vendas alcançado.
Bonga é um dos mais prestigiados artistas africanos da sua geração e será sem dúvida um privilégio poder ver, ouvir e dançar ao só da música do Mestre, como muitos lha chamam.