Divulgar a diversidade cultural e promover a integração da grande comunidade migrante que o concelho do Seixal acolhe é o objetivo o Encontro Intercultural Saberes e Sabores, organizado pela Câmara Municipal do Seixal, Junta de Freguesia de Corroios e o Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho (CCRAM).
De 8 a 12 de março, no Pavilhão Municipal do Alto do Moinho, sob o mote «10 Anos a Promover a Interculturalidade», foi possível descobrir um universo de culturas através da música, dança, artesanato, teatro, exposições, colóquios e experiências gastronómicas proporcionadas pelas representações de 15 países e das mais de 40 instituições participantes na feira intercultural. Do Norte de África veio Marrocos que, juntamente com a Colômbia, participaram pela primeira vez.
Um dos pontos altos aconteceu no dia 10 de março, com a abertura oficial que incluiu um desfile intercultural. Este partiu da Rua João de Deus e levou o colorido até ao Pavilhão Municipal do Alto do Moinho, onde teve lugar a receção às entidades oficiais. Integraram o desfile Karma Drums, Criar-T – Associação de Solidariedade (Centro Comunitário de Vale de Chícharos), Escola Secundária Alfredo dos Reis Silveira, Santa Casa da Misericórdia do Seixal (Centro Comunitário de Santa Marta), Escola de Música do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho e Agrupamento de Escuteiros Marítimos 253 do Seixal.
Na abertura, para além das representações diplomáticas de Cabo Verde, China, Colômbia, Cuba, Marrocos, Moçambique e Timor e do Alto Comissariado para as Migrações, estiveram presentes José Torres, dirigente do CCRAM, Eduardo Rosa, presidente da Junta de Freguesia de Corroios, a vereadora do pelouro do Desenvolvimento Social, Manuela Calado, e Joaquim Santos, presidente da Câmara Municipal do Seixal.
O alto-comissário para as Migrações (ACM) frisou que «quando vivemos num mundo pouco tolerante, que promove a separação dos povos, eventos como o encontro intercultural assumem renovada importância». Para Pedro Calado, «precisamos de mostrar que é possível viver juntos, e que com essa vivência nos tornamos melhores. O ACM pretende continuar a trabalhar com o município do Seixal, parceiro de excelência no trabalho intercultural».
Por sua vez, Joaquim Santos felicitou as representações que se associaram ao Encontro Intercultural Saberes e Sabores. «São 10 anos de um projeto que tem raízes profundas no que é o concelho. Representa o retrato das várias comunidades que o constituem, pessoas oriundas de diferentes pontos do país e do mundo. A riqueza de um concelho está nas suas gentes, e com este evento queremos reforçar os valores da diversidade».
Para o autarca, num concelho com 160 mil habitantes, «queremos construir pontes entre as comunidades para levarmos mais longe o diálogo intercultural. Queremos deixar uma mensagem de solidariedade e realçar a participação do Conselho Português para a Paz e Cooperação». E explicou: «há cerca de 6 meses, lançámos o movimento Municípios pela Paz, com o objetivo de ampliar a atividade que se desenvolve no plano municipal na promoção da paz, designadamente na educação, na cultura e no desporto. Queremos levar aos mais jovens a mensagem da importância de «derrubar muros e construir pontes, para a vida em coletivo».
No âmbito do projeto Povos, Culturas e Pontes que ao longo de 10 anos já levou mais de 3400 alunos ao encontro, foi concebido um programa vocacionado para as escolas que incluiu oficinas de danças guineenses e Contos do Mundo, com a narração de histórias de África, Europa, América Latina e Médio Oriente. Em 10 anos, mais de 3 400 alunos já participaram no Saberes e Sabores. O desporto também esteve presente. No domingo de manhã, dia 12 de março, realizou-se um jogo amigável de corfebol e o 2.º torneio intercultural de xadrez.
No que se refere à música, este ano foi a vez do fado luso e do cante alentejano se associarem à morna cabo-verdiana e à dança são-tomense. A degustação de diferentes sabores é um dos atrativos do encontro intercultural que nesta edição contou com a paella espanhola, o caldo de mancarra (amendoim) da Guiné-Bissau ou a moamba de Angola, sabores que transportaram os visitantes para outras paragens. Este também foi um evento de causas, em que ao beber um café o gesto revertia para ajudar a Catarina Santos, uma jovem que sofreu um acidente durante um treino na modalidade de trampolins e necessita de tratamentos.
Os colóquios deram a conhecer, no âmbito de uma cidadania participada, as migrações, o acolhimento e a integração. Os participantes tiveram oportunidade de conhecer a vida de um imigrante em Portugal. Enes Uysal é turco e falou de como a sua vida mudou quando veio para Portugal.
Outro tema foi a capacidade dos consulados para responder ao aumento dos fluxos migratórios. O ciclo de debates fechou com o documentário sobre as mulheres vinculadas às lutas de Cuba, e de como a revolução promoveu a sua participação em todos os setores da vida do país.
A 10.ª edição do Saberes e Sabores proporcionou dias de reflexão e conhecimento, porque o valor da diversidade está nas diferenças e, no Seixal, reside um mundo de culturas.