O Ministério da Saúde, através da Administração do Sistema de Saúde, I.P, publicou um Aviso, nº 14395-A/2014, para abertura de concurso para preenchimento de 70 vagas de Médicos de Família, das quais, 26 para a ARS de Lisboa e Vale do Tejo, ARSLVT, mas nenhum foi colocado nos Centros de Saúde de Almada e Seixal.
No início de Janeiro entrámos em contacto com o responsável do ACES de Almada/Seixal para contestar tal decisão e relembrar a reivindicação das Comissões de Utentes da necessidade de prolongar o horário de funcionamento semanal e atendimento ao fim de semana dos Centros de Saúde, tendo-nos dito que nada podia fazer acrescentando ir iniciar o internato de 18 Médicos de Família, não garantindo que algum deles fosse colocado no concelho do Seixal.
Com o encerramento de diversos SAP, existem apenas dois serviços a funcionar para os 330 mil habitantes dos concelhos de Almada e Seixal. Cerca de 70 mil utentes não têm médico de família.
Há muitos anos que as Comissões de Utentes reclamam a construção do Centro de Saúde de Corroios, bem como as Extensões de Saúde da Aldeia de Paio Pires e Foros de Amora.
O Hospital Garcia de Orta (HGO) deixou de ser um recurso confiável, para se tornar um motivo de preocupação e receio para os utentes que a ele recorrem. Dimensionado para uma população de 150 mil pessoas, atende atualmente cerca de 400 mil.
Há muito que vem sendo denunciada a falta de recursos materiais e humanos e é unânime a indignação dos profissionais que ali trabalham. Directores clínicos e chefes dos serviços de Urgência já entraram em ruptura com a Administração do Hospital reclamando da sobrelotação e da falta de condições de trabalho e do crescente risco de falhas clínicas.
Só a enorme entrega e resistência dos profissionais que ali trabalham tem evitado males maiores que, apesar disso, não tem obviado às tragédias trazidas recentemente ao conhecimento público.
É inquestionável a urgente construção do Hospital do Seixal, como unidade de rectaguarda para os utentes dos concelhos de Seixal, Almada e Sesimbra.
Isso mesmo foi reafirmado na Concentração do passado dia 24 de Janeiro frente ao HGO, que juntou Comissões de Utentes, Autarquias e Populações dos dois concelhos.
Em sinal de claro desafio, vem o Ministro da Saúde, do alto da sua arrogância, dizer que não está nos planos do governo a construção do Hospital do Seixal, utilizando como argumento o investimento recente de 300 milhões de euros no distrito de Setúbal, 120 dos quais no HGO.
Face a estas declarações, as Comissões de Utentes de Almada e Seixal convidam o Senhor Ministro a justificar ao país onde foram investidas essas verbas:
• Se na construção, recuperação e redimensionamento de infraestruturas;
• Se na aquisição e modernização dos equipamentos, nomeadamente para exames complementares de diagnóstico;
• Se no necessário alargamento do quadro de recursos humanos das diversas unidades públicas de saúde.
O Diagnóstico está feito e as soluções apontadas, que passam por:
• Uma aposta séria numa eficaz Rede de Cuidados de Saúde Primários e um reforço dos Cuidados de Proximidade, com mais profissionais e meios;
• O reforço das equipas de Médicos, Enfermeiros e outros Técnicos nas Urgências;
• A abolição das Taxas Moderadoras;
• A construção do Hospital Público no Seixal.
As Comissões de Utentes da Saúde de Almada e Seixal reiteram o seu compromisso de continuar a lutar com as populações, na defesa de um Serviço Nacional de Saúde eficiente, moderno, universal e gratuito.
