Os Scart, banda de Abrantes com menos de um ano de formação, inauguraram o palco do Ginásio Clube de Corroios - com Raquel vacilante e fora de tom - conquistando a confiança com o avançar dos minutos num registo muito Margo Timmins dos Cowboy Junkies. Na noite efectivamente mais concorrida da XIV Edição do Festival, o público esteve sempre com eles para o melhor e para o pior. Rock alternativo que não nega as influências da cena de Seattle dos anos 90 - surgiram das cinzas dos Doll and The Puppets - que dois anos antes chegaram à Final conquistando a terceira posição. The Scart estavam efectivamente com as fichas ligadas à corrente – nascidos na década de 70, o que justifica o vasto background musical – espelharam um rock poderoso, reflexo do que se ouviu logo ao inicio da tarde quando apenas faziam o soundcheck.
Se dissermos que os Iconoclasts são um grupo de “gaiatos” por certo que eles não levarão a mal, afinal as idades rondam os 19 anos. Inconsequentes revelam que o divertimento favorito é desenhar bigodes em imagens de J.C, sim, Jesus Cristo o próprio. Em palco parecia que estávamos no recreio do jardim escola e os miúdos divertiam-se, espalhando a rebeldia típica da idade, numa noite que não poderá receber senão nota positiva. Saltaram, subiram e desceram do palco, empoleiraram-se e gritaram no que definem como Rock Progressivo, mas aqui que ninguém nos ouve, há laivos de “Nu Metal”, fenómeno que conforme apareceu desapareceu, sendo que os únicos resistentes à altura serão os Linkin Park. Pela androginia, Pipa - uma das vocalista que se define ironicamente (ou não) como “o macho” da banda – assemelha-se a Peaches. E pela afirmação que consta no Myspace “tocar em Corroios é melhor que nos tocarmos no banho”, talvez as parecenças com a cantora canadiana de Electroclash, vão para além das questões meramente estéticas. É que também a autora de “FatherFucker” diz coisas levadas da breca.
O momento mais aguardado da noite de Sábado passado, o concerto dos Pontos Negros. A banda revelação de 2008 - já na sessão anterior tinha marcado presença - para apoiar os Golpes, que foram os cabeças de cartaz. A comunicação social continua a rasgar-lhes elogios, a rádio não se cansa de passar a sua música e mesmo assim desvalorizam o sucesso até agora conseguído, preferindo atribuir o mérito ao trabalho da editora. Cilas, revela que de alguma forma já faziam parte da família do Festival de Corroios ao trazer, qual relíquia, uma colectânea do final dos anos 90. No CD constam as bandas finalistas e o grupo de abertura é a Instituição, de um muito tenrinho Tiago Guilul, com quem os Pontos Negros cresceram. Durante a primeira actuação da banda da “Porcalhota” em Corroios, o público não arredou pé - pedindo dois encores - ao que Filipe respondeu com sarcasmo “já está fora de moda fazer encores!”. Como o povo é quem mais ordena fizeram-lhe a vontade, regressando duas vezes ao palco e ainda tocaram a pérola - “Aprendi Piano com a Olguinha” de uma demo antiga e com uma qualidade muito duvidosa - mas que ao vivo ganhou um colorido especial e o público contagiado gritou em uníssono “na na na na” enquanto chamava pela Olguinha, que só os Pontos Negros sabem quem é! Porque assim se fazem as suas canções da banda: histórias simples para comuns mortais. Mais simples que isto só mesmo a explicação que esgotaram até à exaustão para a comunicação social quando lhes perguntam “Porquê pontos negros?”, ao que respondem “então se há os White Stripes (riscas brancas)!